No meio de tanta loucura, pressa e falta de sentimento, criei um único lugar onde algo faria sentido,pelo menos para mim. Um lugar para confortar e acolher pequenas idéias e grandes sentimentos, embora a indiferença de muitos.

sábado, outubro 27, 2012

No fim de tudo, um novo começo.

- Crianças, não chorem. O ano está acabando, estamos deixando esta terra-do-nunca, mas não se enganem, a aventura continua. Meninos-perdidos, reverberem-se nesta vida, achem o caminho de sua alegria. Caminho este que, no fim, se une com o de todos, seja de forma real e concreta, ou nos muitos momentos em que nos pegaremos lembrando de tantos Capitães Gancho, os quais combatemos juntos. 
 Ao pai Peter e mãe Wendy, obrigado por tudo, por todas as histórias contadas e vividas. 
 A janela está fechando, mas só por um momento. A segunda estrela a direita ainda brilha, sempre. Não esqueçam das fadas, dos sonhos, das sereias e dos indiozinhos. Nem tão pouco da experiência do pó de pilim-pim-pim. 
 Acreditem que essa terra-do-nunca é também para gente grande, para quem preserva a alma de criança. E quem maior ou melhor que nós, que enfrentamos tantos medos e incertezas? 
 O sonho acabou. É hora de torna-lo real. 

sábado, outubro 13, 2012

Minha alegria


Naqueles dias difíceis, você era minha única alegria.

Dias frios de outubro em que só você sabia me aquecer com aquele chá, e tuas palavras doces no meu ouvido me faziam arrepiar. Você sacudia a cabeça, como quem não queria nada, apontando pro quarto que, quente, me esperava. Sua caminhada era esperta, calma, e alucinava minh’alma. Como quem cantava, você chamava meu nome em silêncio – só eu entendia.

Seus passos delgados, quase parados no tempo, me levavam como criança, pra cama. Entorpecido pelo seu cheiro, me deitava. Seus seios me afagavam. Seus braços me apertavam. Sua boca me aquecia, por dentro com beijos, por fora com palavras. As roupas eram frias junto a você. A cama sempre era mais confortável com você ali. E você sempre estava.

Sua calmaria era pretexto pra uma tempestade vinda de mim. E como tudo começava, jamais esquecerei: uma mordidinha na orelha, um sussurro – seja minha – e um consentimento calado. Daí em diante, não havia mais tempo para falar ou consentir. Tudo acontecia à meia palavra e meia luz. Éramos eu e ela nos dias frios, nos dias quentes... todos os dias. Ela era tão agradável.

Com o tempo, ela se foi, mas seu conforto ficou, e com ele, a saudade. Saudade eterna de ti, até a hora em que voltes desta longa viagem.

sábado, outubro 06, 2012


  Sentado na praça, meus olhos, de graça, te olharam. - Que bela moça, é essa que passa. Passa e caça, sem nem precisar, o meu olhar.
  Martela o chão, morena tentação.
  Corre apressada, sem sentir que o tempo passa. Cabelos ao vento, que nada. Amarrados. Laço dado na marra, apertado.
  Assobia? Que nada. Apressada, só chia. Reclama de tudo, criança. Criança de alma, de jeito e de cama.
  Agora, se cala. Pára.
  Resgatando na memória a pasta esquecida, rispidamente retorna arrependida.
  Num passo sem compasso, desmarcado, tropeça no que deveria ser um laço – próprio cadarço.
  E para completar a tragédia sem fim, vem a chuva.
  Fui para casa correndo, cheguei molhado. A moça nunca mais vi, porém mantenho o cadarço sempre amarrado.

Tobby


Tinha um ano, fugi de casa. Era pequeno ainda, o suficiente para passar pelas grades. Por um descuido, sai sem rumo pelas ruas.

De amores, vive aos montes. Sua maioria, amores de televisão – elas enrolavam minha cabeça.

Porém, jamais encontrei amor igual ao teu, meu bem. Quem para me abrigar da chuva se não você? Quem mais para me dar de comer? E brincar comigo...

Agora, sou só. Rabugento, é meu nome por aqui. Que contraste com outrora, quando chamado de dengoso, cheiroso e macio. Mesmo quando eu era o treloso, era com carinho.

Como te achar, meu bem? Me acha! Espalha jornais com minha foto, com meu nome. Que nome? Como eles me chamariam? E será que já há outro em meu lugar? Outro tomando meus banhos e meus mimos. É triste demais estar nesta vida sem você, na rua.

Que vida de cão.

terça-feira, outubro 02, 2012

Dois minutos.


   Você está lá, sentado, esperando que algo surpreendentemente diferente aconteça. Mas tudo passa rápido demais ao seu lado, tão rápido que quase fica difícil perceber que ela já se foi. E sem ela, o que de interessante pode acontecer?
   Você tenta se mexer, mas a inércia é superior. Superior a tudo aquilo em que você acreditava que daria certo. Desistir é uma opção – da boca pra fora – que pode funcionar. Mas não funciona. Nada funciona, ela é imune à você como à uma doença. E você está ficando doente com essa história. Mas é só um resfriado.
   Você sai. Lá fora tudo é melhor: mais quente (lembra seu abraço), maior (lembra seu sorriso), mais claro (lembra suas palavras). E nessas horas você vê que é melhor ficar dentro, dentro de si. Ou então passa tudo pra um papel, ou, quem sabe, um blog.