Naqueles dias difíceis, você era
minha única alegria.
Dias frios de outubro em que só
você sabia me aquecer com aquele chá, e tuas palavras doces no meu ouvido me
faziam arrepiar. Você sacudia a cabeça, como quem não queria nada, apontando
pro quarto que, quente, me esperava. Sua caminhada era esperta, calma, e
alucinava minh’alma. Como quem cantava, você chamava meu nome em silêncio – só eu
entendia.
Seus passos delgados, quase
parados no tempo, me levavam como criança, pra cama. Entorpecido pelo seu
cheiro, me deitava. Seus seios me afagavam. Seus braços me apertavam. Sua boca me
aquecia, por dentro com beijos, por fora com palavras. As roupas eram frias
junto a você. A cama sempre era mais confortável com você ali. E você sempre
estava.
Sua calmaria era pretexto pra uma
tempestade vinda de mim. E como tudo começava, jamais esquecerei: uma mordidinha
na orelha, um sussurro – seja minha – e um consentimento calado. Daí em diante,
não havia mais tempo para falar ou consentir. Tudo acontecia à meia palavra e meia
luz. Éramos eu e ela nos dias frios, nos dias quentes... todos os dias. Ela era
tão agradável.
Com o tempo, ela se foi, mas seu
conforto ficou, e com ele, a saudade. Saudade eterna de ti, até a hora em que
voltes desta longa viagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário