No meio de tanta loucura, pressa e falta de sentimento, criei um único lugar onde algo faria sentido,pelo menos para mim. Um lugar para confortar e acolher pequenas idéias e grandes sentimentos, embora a indiferença de muitos.

domingo, maio 12, 2013

De uma diferente perspectiva.


   Naquela poltrona tínhamos tido todo o amor que duas pessoas podem ter, e hoje estou aqui, esperando por você. Mas você nunca vem quando eu espero – é como se sempre quisesse me ver surpresa.
   Sem lamentar-me, guardo meu livro, termino meu café e desisto de esperar sentada com a roupa de ontem, pelo menos por hoje. Verifico as correspondências no chão, recolho o par de meias e penso em vesti-las – está frio. Subo as escadas pretendendo me esconder entre o edredom, porém, de repente lembro que a cama está forrada. Desisto. Simplesmente me entrego à poltrona de novo com a tentação de voltar a ler.
   Como pude ser tão desleixada? Ele me adormeceu na poltrona e fugiu, de novo. De novo!
Sei que ele não fez por querer, afinal, depois de tanto eu insistir, uma hora ele cederia. Mas eu sou o elo mais fraco da corrente, ele não deveria me ouvir, só me entender. Mas ele nunca me entende. Só faz o que eu peço, e nunca o que eu quero. Não precisa ser tão difícil, basta seguir poucas pistas. Pensando bem, isso é o que pode tê-lo afastado. E se eu deixar lembretes na geladeira? Bem, não funcionaria, precisaria deixá-los no sutiã ou na calcinha para que ele prestasse atenção. Quantos defeitos um homem precisa ter para ser perfeito, afinal?
   E não é que o maldito foi e deixou o chuveiro aberto? Ou estou ficando louca?
   Subo os degraus enquanto o barulho aumenta e minha raiva conjuntamente. Sou forçada a abrir a porta entreaberta do banheiro e encarar a fumaça vinda do banho quente. Quando por fim enxerguei algo através do vidro, seu sorriso me convidava a entrar. Subitamente todas as críticas foram embora. Cá estou eu, surpresa como sempre.