No meio de tanta loucura, pressa e falta de sentimento, criei um único lugar onde algo faria sentido,pelo menos para mim. Um lugar para confortar e acolher pequenas idéias e grandes sentimentos, embora a indiferença de muitos.

sexta-feira, setembro 30, 2011

Infância

Quando era criança, sempre sonhei em crescer. Sonhei em ser, das mais diversas coisas, a mais fantástica. E como eu sonhava.  Fiz mil planos, e cometi mil erros. Cresci numa família não muito boa, e não muito rica (a melhor delas). E como todo bom filho, frequentei a escola. A algumas poucas quadras eu podia sentir a felicidade. Os gritos dos meus semelhantes. Aquela que era alegria de verdade. E era o que me bastava. Eu era o rei do meu castelo de areia. Quando eu era criança... eu era uma criança.
E aquela garotinha ali deitada mal sabia que não sabia nada da vida. Ela tinha boca grande, olhos grandes, coração grande. Ela era grande. Deitava na rede e adormecia todas as tardes, com o vento nos pés. Nada temia. Mas, mesmo garotinhas crescem. Ela cesceu. Agora tem uma boca pequena, um olho pequeno. Suas mãos não alcançam mais o céu, e seu coração se tornou pequeno. A rede rasgou. As paredes, grossas, não deixam o vento entrar. Ela já nem fica descalça.

segunda-feira, setembro 19, 2011

História do corredor.

Todos os dias ela estava na janela. Eu a via ali, parada, pensando. Seu olhar ultrapassava as barreiras do meu pensamento. Parecia voar além do possível. Ela sonhava como ninguém ousava sonhar. Eu temia pela sua ousadia, mas era tão viciante... E assim eu passava sem me demorar, sem deixar que ela percebesse que eu estive ali, olhando.
Outro dia: e os mesmos olhos fitavam o céu, estivesse azul ou nublado, como naquele dia. Ela sorriu. Eu nunca havia imaginado seu sorriso. Me foi algo mais viciante do que  foram seus olhos um dia. Demorei mais, na esperança de que ela não revirasse seus olhos para mim, prolongando meu êxtase.  E, assim, mais um dia se passou, e com ele, eu fui.
Mais um dia. Na esperança de ver minha paixão secreta, eu esperava na janela. Hoje ela não apareceu e o céu chorou.
No outro dia, eu percebi. Nós não temos nada até que tomamos isso como nosso. Não pela força, mas pela iniciativa. Ela chegara em casa, e eu nunca tive coragem de admitir. Ela era tudo naquela janela, e eu era nada nesse corredor.

sexta-feira, setembro 16, 2011

Para todos.

Minha vó disse que a Lua é dos apaixonados. E por que? A imortal Lua, que sempre olha por nós na noite, quando ninguém mais tem coragem... por que há ela de ser dos apaixonados?
Quem comigo anda pode perceber, sou um apaixonado em pleno vapor, e não reclamo da Lua ser para mim e tantos mais. Só não acho justo privar tantos e tantos de sua beleza prima. Pobres coitados, não sabem o que é paixão, ou ja trataram de esquece-la, e agora ficarão sem Lua? Que injustiça cruel.
Proponho que agora a Lua seja de todos! E que pelo menos um dentre todos possa parar para observa-la e, assim, se apaixonar. Porque a Lua sempre estará lá, lembre-se dela.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Marcas do sempre.

Vivo numa inconstância maldita! Não sei se como chocolates ou compro flores. Os chocolates, que,  doces,  cativam meu paladar, me fazem sentir errado. Me deixam estasiados de prazer, me fazem querer mais e mais. As vezes acho que não se importam tanto comigo, que só querem um pouco de carinho e amor. Já as flores, com sua alegria de sempre, me fazem de tolo pela fragrância que exalam sem ao menos se importar. Ela me chamam e me jogam, e quando acho que estou por compra-las, elas se vão para outro dono. Embora a delicadeza dos anjos e a beleza extravagante das flores, o chocolate é quem sempre me colhe a alma, as lágrimas, e me cura das flores. 
 
-Na verdade, nunca entendi o porque do chocolate curar e as flores fazerem lembrar... o problema é que não sei me despragmatizar desse vício gostoso, o qual o cheiro me faz lembrar tudo de novo.

sábado, setembro 10, 2011

"O que sei de mim é tão pouco que nem um paragrafo de algo que escrevo sobre mim é verdade completa."

Espelho-me

Fico observando, sentado. Ele parece triste, sem se dar conta do porque. Meio acanhado, tentando chegar a uma conclusão... mas nada consegue. Vejo suas lágrimas escorrendo, suas mãos que tremem, não sei se de frio ou de medo, e vejo o momento que tenta fugir disso tudo com um sorriso forçado. A esperança foi momentânea, e ele está denovo afundando em seus medos e dúvidas. Quase que por um momento esqueço que me vejo no espelho.
Contemplo-me no espelho, pensando em mil coisas que não me lembro mais. Sem me dar conta da admiração que expresso por mim mesmo, sigo apreciando a imagem imperfeita e destorcida. O meu eu, o qual condeno por me imitar, se coloca a pensar nas mesmas coisas. Naquele mundinho ao contrário, ele revive minhas emoções e as compartilha. Agora já são 21:00 horas e mil pensamentos. A moldura de madeira esculpida parece ser tão frágil e me faz questionar quantos pensamentos mais ela aguentará.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Me perdendo em nós.


               Estou no quarto, ouvindo aquelas musicas que me lembravam você, e todas lembram. O banho que há pouco tomei nem se quer serviu a seu propósito: afastar as coisas de mim. Continuo me sentindo pesado, sonolento, e cheio de coisas para fazer. Não é de hoje que estou nessa correria, já faz um bom tempo que não paro pra apreciar as coisas que gosto.
                Preso num regime que me faz emagrecer a mente, estou aqui, sentado tentando organizar esses papéis, e são tantos... nem sei por onde comecei a me perder. E essas coisas em exagero me fazem coçar o subconsciente. E me pergunto onde você está, e se está onde acho que está. Pronto, acabo de me perder de novo. E o que será de mim? Se estou sentado tentando organizar papéis, ou se estou na rua, dando voltas na mesma rotina do dia a dia, ou fugindo dela, não importa. É sempre você, como nas canções que ouço alerta sem prestar atenção.
                É verdade que não sobra muito tempo para mim, mas não posso reclamar. Sou seu por excelência e por entrega. E sendo seu, me vejo em tal. E por fim algo em que posso pensar, e acabo por cuidar de mim mesmo, respeitar a mim mesmo e dedicar-me a mim mesmo quando faço tudo isso por você.