Que saudade de te escrever,
nesses raros momentos frios. E sentir teu corpo, num arrepio, suspirar ofegante
em meio à leitura.
Saudade da partitura que conduzia
teus lábios - hora doces, hora amargos – na declamação e nos comentários.
Saudade dos teus sinais de fogo,
das tuas cartas brancas, dos teus silêncios breves e tua fala branda. Que dizia
nada, e me pediu tudo.
Pedia uma dedicatória, um
destinatário, um, se quer, endereço; e eu, mantendo segredo, adormecia-te no
meu colo.
Por que eu sabia que, um dia,
sentiria saudade de toda essa agonia: que tinhas antes de adormecer; e depois,
quando sonhavas com o que ainda vou escrever.
Lembrar de tudo isso me dá
saudade, por que, embora a saudade não passe, as lembranças são o melhor que
restou de ti.
Eu não gosto de cinzas.