Toda manhã, ao passar por aquela casa, deparava-se com a mesma cena:
Ela lia um jornal do dia anterior, enquanto aspirava o ar poluído da cidade e cheirava a jasmim. Ou era seu jardim?
Um jardim largo e extenso, florido e bem cuidado, assim como seu vestido. Sua porta da frente, dotada de uma pequena escadinha, era limpa e entreaberta, sempre, como seu decote. Um convite à visita.
Seguindo pelo corredor, simples e sem quadros, se via sem saída qualquer aventureiro. A única relevância era a escadaria, também simples, ao fim do soalho.
Surge uma janela, uma varanda e a dama. Os ventos ali em cima são suaves, o suficiente para, apenas, balançar seus cabelos.
Olhava-se agachado, para não perder a graça do cortejo, secreto como os desejos dos aspirantes aos seus beijos.
Ela, sentada, lendo seus jornal, sabia de tudo e só por isso matinha o jardim, a entrada, a escada e, assustadoramente, matinha a leveza dos ventos.