Para posterioridade,
Percebi que nossa inocência é a
única coisa que pode nos machucar, e, embora esse seja o único jeito de
deixarmos de ser inocentes, também é a única forma de crescer.
A inocência nos protege do mundo
- o mundo em que vivemos. - sendo assim incoerente escolher viver na proteção da
inexperiência que nos cerca desde o nascimento. Sei que somos incapazes de
conhecer tudo, desde as coisas que estão dentro de nós até coisas que criamos
sem saber explicar, mas também reconheço a capacidade que encontrei de tentar. Simplesmente
tentar. Não é necessária a cobiça como maior estado para se realizar, basta o tentar.
E foi assim, saindo desse estado
de ignorância, que é a inocência, para uma nova fase, que refleti sobre tudo
que passei. Tantas histórias e pessoas e fatos e roupas diferentes eu provei,
que hoje posso formar uma opinião grosseira sobre quase tudo.
Mas sobre ti – e só passei para o
próximo parágrafo por que falarei de ti – ainda não tenho nada a dizer. Te
conheci com um suspiro silencioso, te toquei sem querer em silêncio, e, onde já
se viu beijar e falar ao mesmo tempo? Somos uma história de ninar, que, embora
turbulenta, teve seus ápices na mais serena paz da hora de dormir. As estrelas
olhavam para nós, ofuscadas. E tudo isso no sereno de um sonho lindo, coberto e
pronto para dormir na inocência (ignorância).
Após isso – quando re-li – logo
percebi, que esta carta secreta não poderia ser destinada a mais ninguém, que
não a ti, quem tanto amei, de todas as formas diferentes que um homem pode amar
uma mulher, e agora deixo, para amar-te de todas as formas diferentes que um
anjo pode amar.
Sobre sigilo, escrevo este
rabisco para lembrar-me um dia o quanto fui inocente, e o quanto chorei. E sei
que precisarei ler-lo quando quiser me
lembrar, em anos dourados, o quanto cresci.
Anônimo.