Naquelas noites de dezembro, nos
encontrávamos contando os dias para o ano novo. Como se, um ano depois, tudo
fosse ficar melhor. Mal sabia ela que tudo já era perfeito ao seu lado. No sofá,
seus cabelos lançando perfume no meu rosto e seus lábios movendo como se uma
palavra estivesse próxima de romper o momento. Por falta de coragem ou só por
besteira, você voltava atrás. E eu, apertando os olhos, desconfiava no silêncio
do seu colo. Como o mundo previu esse encontro tão majestoso, eu não sei.
Queria tanto, nesses seis dias
restantes, poder te explicar por que seu sorriso é tão paralisante, e seu caminhar,
tão deleitoso, que meus olhos sorriem quando te vêem de longe. Ah, se fossem
apenas eles. Como queria conseguir te dizer. Mas só sei que é você. É tudo
culpa sua. Quando eu fico sem jeito, olhando distante, pensando longe. É você que
eu espero ver depois de um dia cansativo, ou alegre, ou chato, ou empolgante ou
qualquer dia, todo dia.
Mas depois da ceia, seus olhos
ficaram um pouco pesados e seu rosto, cansado. Não podia te pedir mais nada que
uma boa noite de sono. E se você adormecesse nos meus braços, que mal teria? Seria
só eu te carregar ao seu quarto, nada que um par de mãos tão bem apaixonado não
pudesse fazer. Um breve beijo de boa noite na sua testa, enquanto iria me
resolver com meus sonhos. E te ver de olhos fechados, recebendo todo o meu
carinho seria a alegria que eu poderia me dar nessa noite.
E o que fazer nesses seis dias
restantes? Tudo tão perto de acontecer, de novo, e, novamente, eu não sei o que
fazer. Só sei que, pela manhã, serei mais feliz. Tenho certeza que sim. E se
não for... eu sei que serei.
Não há plano tão perfeito e fácil
de executar. Mas então, você resolve falar – meu amor, tenho sede e sono, mas não
quero te deixar nesta noite. – Por um momento penso que tudo foi estragado. Seu
sono seria tão lindo de apreciar. Mas suas palavras me deram tudo que eu precisava
para simplesmente sorrir antes de te beijar e sentir tudo que vale a pena, todo
bom sentimento, mais uma vez.
Na noite de natal, meus olhos te
guiavam e seus olhos se fechavam. Como deveria ser.