Todos os dias ela estava na janela. Eu a via ali, parada, pensando. Seu olhar ultrapassava as barreiras do meu pensamento. Parecia voar além do possível. Ela sonhava como ninguém ousava sonhar. Eu temia pela sua ousadia, mas era tão viciante... E assim eu passava sem me demorar, sem deixar que ela percebesse que eu estive ali, olhando.
Outro dia: e os mesmos olhos fitavam o céu, estivesse azul ou nublado, como naquele dia. Ela sorriu. Eu nunca havia imaginado seu sorriso. Me foi algo mais viciante do que foram seus olhos um dia. Demorei mais, na esperança de que ela não revirasse seus olhos para mim, prolongando meu êxtase. E, assim, mais um dia se passou, e com ele, eu fui.
Mais um dia. Na esperança de ver minha paixão secreta, eu esperava na janela. Hoje ela não apareceu e o céu chorou.
No outro dia, eu percebi. Nós não temos nada até que tomamos isso como nosso. Não pela força, mas pela iniciativa. Ela chegara em casa, e eu nunca tive coragem de admitir. Ela era tudo naquela janela, e eu era nada nesse corredor.
2 comentários:
Lindo, lindo, lindo. Cada texto me impressiona mais <3
muito lindooo!!! principalmente a ultima frase, ela é perfeita e fecha o texto com chave de ouro! vc tem muito talentoo!!! beijinhoss! *-*
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