No meio de tanta loucura, pressa e falta de sentimento, criei um único lugar onde algo faria sentido,pelo menos para mim. Um lugar para confortar e acolher pequenas idéias e grandes sentimentos, embora a indiferença de muitos.

terça-feira, agosto 09, 2011

Azul, azul

O que está havendo com você? Sinto-te tão distante - pensa ele, sem coragem para falar o que afligia sua alma. Embora dividissem a mesma cama e o mesmo lençol, era uma distância do tamanho do Atlântico.
Percebe-se bem que, naquele quarto escuro, iluminado apenas pelo abajur da esquerda, não havia diálogo desde as 19:00 horas. Já eram 00:37 horas e o filme tinha acabado. A TV esta azul, azul como os quadros de Pablo.
Ele pega na mão dela, brincando com seus dedos. E, quando finalmente ele se apoia estrategicamente no travesseiro, pronto para falar, seus lábios travam. Ele percebe seus olhos, antes azuis, agora, escuros. Ela fechou seus olhos, ele, seu coração.

[...]

Sem perceber, toca seus cabelos loiros, acariciando-os. Tem, por um momento, a sensação de que ela acordara, e se contrai no seu espaço. Buscando o conforto dos braços dela, ele sente o travesseiro.
Sem entender o que ocorre, espanta-se. O filme recomeçara como que por si só. Percebe o controle debaixo de seu braço, entende o mistério e se acalma.
Enquanto se prepara para desligar, a cena que fazia lembrar ela, iniciando o filme, o comove. Ele não consegue. Chora em silêncio para não comprometer sua integridade moral.
Ela acorda e, com a TV ligada, à luz do abajur da esquerda, ele abre seu coração - Eu te amo.

Um comentário:

Marta disse...

Parabéns pelo Blog, uma inspiração ;)